Cinco e meia da manhã no Bombarral. Na Transilvânia o dia começou mais cedo. Bandos de corvos em fúria percorrem os telhados brancos em frente do nosso posto de observação…no décimo andar do hotel. Há sempre uma razão para iniciar o dia com uma bebida quente. Aconchegante. As razões estão lá fora e claramente à vista. O dia anuncia-se difícil.

O grupo é corajoso. Ataca o dia de peito feito (com cachecol no sítio, não vá o diabo tecê-las; e as mãozinhas enluvadas…só por precaução). Neve aqui não é festa mas no nosso íntimo de temperados mediterrânicos há qualquer coisa de orgiástico ao deixar no alvo solo a pegada firme e perfeita.

O local de trabalho é uma escola. Apesar do aspecto de usina soviética em decomposição, garante-se que não se parece com
Chernobyl….após o acidente. Mas um sentimento súbito viria despertar o nosso nacionalismo mindinho: Português que se preze nem na Roménia aprecia ver a sua bandeira adulterada. Nunca! Muito menos em ano de Centenário da República.
Feita a reclamação formal, apresentadas as desculpas de circunstância….”Siga a Marinha!!” isto é, ‘vamos à missa!’. No pior lodaçal nasce, por vezes, a flor que encanta. Uma onda de espiritualidade e emoção ortodoxa preencheu este local obscuro com a energia feérica de um verdadeiro sábado humano.

O sábado da esperança com rosto. Como o mais belo rosto da Transilvânia. Um milagre vestido de luz.

E, claro, só pode acabar em festa à portuguesa… com fotografia de grupo…

… e qualquer coisita para comer e beber.
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