Com enorme expectativa, 2 alunos e 3 professores do Agrupamento de Escolas Fernão do Pó (AEFP), do Bombarral, preparam-se para investir contra temores e superstições, pelas terras frias do Vlad Ţepeş, o Drácula das nossas fantasias. Por mim apetece-me sentir na plenitude aquela que o livro de Bran Stoker me teceu no espírito sequioso dos meus já distantes 14 anos. Tanto tempo depois vou finalmente respirar as aragens cortantes dos Cárpatos frios e brancos como as faces alucinadas do conde sanguinário, recordando decerto, nos mais íngremes picos ds seus montes, os marfínicos dentes insersores das gentis gargantas femininas.
Preparamo-nos para conquistar a Transilvânia. Daqui, das húmidas e ventosas terras do Oeste, como bons romanos a caminho da nova Dácia, vamos em paz, sem outros projectos de conquista que não sejam os da amizade, da curiosidade, da troca de experiências, da partilha, do reconhecimento da igualdade numa natureza tão diferente.
Esta incursão decorre no âmbito do projecto de intercâmbio europeu, comummente reconhecido como «Projecto Comenius». Em boa hora!!
Johann Amos Comenius (1592 - 1670) foi uma figura grada do florescer da modernidade. Homem de visão, preocupado com o futuro da humanidade e, por isso mesmo, com a felicidade do homem. Optimista, apesar dos rigores do seu tempo, deixa aberto o espírito que nos guia a todos nos trilhos da educação. Foi este homem bom virado para o futuro que inspirou os impulsionadores daquele «Projecto». Na apresentação da sua obra de referência, Didactica Magna, Comenius derrama definitivamente sobre os tempos futuros a sua visão do percurso para uma melhor convivência entre os homens: «Ensinar tudo a todos»! Parece megalomania, não é? No seu tratado apresenta-nos o «processo seguro e excelente de instituir em todas as comunidades, cidades e aldeias, escolas tais que toda a juventude de um e de outro sexo, sem exceptuar ninguém em parte alguma, possa ser formada nos estudos, educada nos bons costumes e possa ser instruída em tudo o que diz respeito à vida presente e à futura, com economia de tempo e de fadiga, com agrado e com solidez. Onde os fundamentos de todas as coisas que se aconselham são tiradas da própria natureza das coisas. (...) A proa e a popa da nossa Didáctica será investigar e descobrir o método segundo o qual os professores ensinem menos e os estudantes aprendam mais; nas escolas haja menos barulho, menos enfado, menos trabalho inútil e, ao contrário, haja mais recolhimento, mais atractivo e mais sólido progresso». Lidas as suas palavras, sentimos que já fomos muito longe no caminho que então abriu mas estamos tão longe das metas que indicou.
Envoltos nos seus ideais vamos à Transilvânia. A Sibiu, cidade talvez de um mundo que Comenius quereria reformar, mas que abre, como museu vivo, as vias para «aprender muito ensinando pouco.»
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